terça-feira, 27 de junho de 2017

Se tu soubesses

Olho para trás por entre luz e escuridão, vozes proferem o meu nome como um chamamento e esqueletos que deviam estar enterrados surgem a superfície e caminham na minha direção. Oiço risos e gritos, sinto felicidade e agonia!
Tudo lá atrás refete o meu passado, algumas coisas não me querem deixar avançar em frente, outras incentivam-se a sair do chão do meio deste cruzamento em que me encontro e a continuar o meu trabalho, mas no meio disso tudo há uma sombra, ou melhor um vulto, algo que me é tão familiar mas ao mesmo tempo tão estranho, esse vulto vem aproximando-se de mim e eu hipnotizada não consigo desviar o meu olhar.
A minha respiração está ofegante, cada batida do meu desesperado coração parece que o faz saltar do meu peito. Tudo a meu redor deixa de fazer sentido e começa a ficar distante, desvio o olhar para o chão e sinto-me a afundar no meu próprio corpo, na minha própria mente, lembranças percorrem todo o meu sistema e um choque percorre o meu corpo começando no sítio onde esse vulto me toca! Encaro a forma de frente e esta não parece intimidar-se por mim pelo contrário, segue o seu caminho passando por mim  escolhendo um caminho, este que antes estava no meu passado está agora no meu futuro.
O vulto para de repente virando-se para trás, estende a mão na minha direção e todo o meu ser grita para me levantar e seguir com aquele vulto, olho para trás e parece que o tempo parou, uma brisa passa por mim através do vulto e aquele perfume, oh aquele perfume já tão conhecido, entranh-sea no meu ser e como um choque de energia todo o meu corpo se levanta, olho para trás novamente, oiço aplausos, mas o pior é que oiço desespero, desespero esse que pertence aos esqueletos que já deviam estar enterrados.
Viro costas ao meu passado e faço a minha escolha. Avanço com calma na tua direção e o sorriso ganha forma pelo meio da escuridão e aos poucos tenho-te ao meu lado. Pegas na minha mão e puxas-me para ti, o teu abraço é suave mas vai se intensificando de tal maneira que eu retribuo, afinal tu salvaste-me do meu passado, tal como eu num cruzamento atrás também te puxei para um percurso que eu tinha escolhido.
Se tu soubesses o quanto o teu perfume me tranquiliza, se tu soubesses o quanto a minha alma parece se acalmar quando a tua está por perto. Oh doce agonia, se tu soubesses que eu me perderia por ti para te poder encontrar! Oh se tu soubesses que no meio de tudo tu és a minha escolha!

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